Pós-modernismo e literatura
no Brasil
Pós-modernismo pode ser entendido como o processo que caracteriza o
desenvolvimento das manifestações estéticas da cultura ocidental. Entretanto,
ele se deixa perceber mais claramente em países desenvolvidos como França e
Estados Unidos, do que em países menos desenvolvidos, como o Brasil. Desta
forma, é fato que existam diferenças histórico-culturais que caracterizam o
contexto brasileiro em relação ao europeu e o norte-americano.
Podemos ver o pós-modernismo como uma intensificação dos traços da
modernidade. Portanto, torna-se necessário um breve esclarecimento sobre como
se configurou o estilo modernista brasileiro na literatura, para só assim poder
falar de pós-modernismo e suas características.
No Brasil o modernismo tem como marco simbólico a Semana de Arte Moderna
realizada na cidade de São Paulo em 1922. Foi um movimento de grande
importância para a literatura no país e é considerado um divisor de águas na
história da cultura brasileira. Segundo o professor Alfredo Bosi “a semana foi,
ao mesmo tempo, o ponto de encontro das várias tendências modernas que desde a
I Guerra se vinham firmando em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a plataforma
que permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e
manifestos, numa palavra, o seu desdobra-se em viva realidade cultural.”
Segundo Ítalo Moriconi, modernismo é igual à modernização mais
conscientização nacional. É o Brasil ajustando as lentes para melhor olhar-se a
si mesmo. Dele nasceram as bases contemporâneas da autoestima brasileira. A
literatura modernista no Brasil assumiu aspectos peculiares, só em certa
medida, provenientes da moderna literatura feita na Europa. Autores como Oswald
de Andrade, conscientes da situação de estagnação em que se encontrava as
letras brasileiras, foi “beber” algumas ideias nas diversas correntes de
vanguarda europeia. Ao contrário da literatura dos estilos anteriores, que de
certa forma não passavam de adaptações europeias, o modernismo, defendia a
antropofagia, metáfora para representar a “digestão” da cultura estrangeira que
estava sendo importada.
Assim, segundo Eduardo de Faria Coutinho:
“se nesse processo de assimilação seletiva, de um
lado, se expurgava a tradição autoritária, de teor colonialista e
centralizador, de outro se valorizava a tradição popular e regional em suas
múltiplas facetas, fatos que conferiram ao movimento um caráter sui geniris,
distinguindo-o do chamado modernismo da tradição ocidental e até aproximando-o,
de certo modo, de alguma vertente do que hoje vem sendo arrolado sob a
designação genérica de pós-modernismo.”
O pós-modernismo é um termo de periodização artística e literária, “é o
que vem depois do modernismo, num sentido amplo dessa palavra, abrangendo suas
três fases: primeiro modernismo dos anos 20, modernismo dos anos 30-45,
modernismo canônico de meados dos anos 40 e 60.” Desta forma, é fato assinalar
que o modernismo brasileiro não foi radical. Alguns traços já explorados pelo
modernismo continuam, outros se modificaram. Não houve uma ruptura efetivamente
significativa, o que reafirma a natureza duvidosa de qualquer classificação
definitiva acerca do tema.
Na produção literária da segunda metade do século XX, especialmente a
dos anos 70 e 80 visualizamos claramente as marcas da continuidade
anteriormente comentada. A ficção brasileira dos anos 70 e 80, de acordo com
Coutinho, “caracteriza-se por uma pluralidade de tendências, e, embora a
maioria delas contenha uma série de aspectos em comum com o que poderíamos
designar de estética do pós-modernismo, vale observar que tais aspectos variam
significativamente de uma para outra, tornando-se nitidamente mais frequentes
nos autores que se destacam nos anos 80 ou nas obras mais recentes daqueles que
já haviam se consagrado antes.”
As manifestações literárias do período acima citado expressam toda a
realidade dessa época. Uma economia dependente, uma sociedade absolutamente
diferente e matizada, em meio à miséria e o analfabetismo, misturadas com o
avanço das tecnologias e dos computadores sofisticados. São as consciências
estéticas que conduzem a produção pós-moderna. Por isso, as narrativas se
apoiam no cotidiano, daí o seu caráter espontâneo, e a prioridade às temáticas
que levam ao inconsciente coletivo.
Desta forma, os aspectos formais desse estilo de fazer literatura são
baseados em questões como intertextualidade, ironia, esquizofrenia,
questionamento do racionalismo pela exploração de outros níveis da realidade,
anseio pela pluralidade, ênfase no cotidiano, retomada de texto do passado,
acentuação e fragmentação do texto e da polifonia de vozes, intensificação do lúdico
na criação literária, androgenia, hedonismo, exaltação do prazer, presença do
humor, pastiche, utilização deliberada da intertextualidade, ecletismo
estilístico, exercício da metalinguagem, fragmentarismo textual, na narrativa
há uma autoconsciência e autorreflexão, radicalização de posições
antirracionalistas e antiburguesas, dentre outras.
O pós-modernismo, como expressão literária vive sobre o signo da
multiplicidade, “é um monte de estilos, convivendo sem briga num mesmo saco,
não há mais hierarquia, (...) E, claro, não há fórmula única. Por isso, joias
pós-modernas pintam bem diferentes umas das outras, por toda parte.” Autores
como João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Adélia Prado, Lya Luft, Hilda
Hilst, Virginia Woolf, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca e Caio Fernando Abreu,
destacam-se por possuírem esse estilo, onde vemos claramente atitudes
modernistas, umas estabilizadas e sedimentadas, outras intensificadas e
redimensionadas, mas que, sem dúvida, podem ser reconhecidas na sua diferença,
tornando esse estilo eminentemente autêntico.
Principais autores e Obras
- Ariano Suassuna - (1927) Auto da compadecida; A pena e a lei; O
santo e a porca (teatro)
- Clarice Lispector (1925-1977) - Perto do coração Selvagem; O lustre; A maçã no escuro; Laços de família; A legião estrangeira; A paixão segundo G. H.; Água viva; A via crucis do corpo; A hora da estrela; Um sopro de vida
- Ferreira Gullar (1930) - A luta corporal; João Boa-Morte; Dentro da noite veloz; Cabra marcado para morrer; Poema sujo (poesia)
- Geir Campos (1924) - Rosa dos rumos; Canto claro; Operário do canto (poesia)
- Guimarães Rosa - (1908-1967) - Sagarana; Corpo de Baile; Grande Sertão: veredas; Primeiras estórias; Tutaméia; Terceiras estórias; Estas estórias
- João Cabral de Melo Neto (1920) - Pedra do sono; O engenheiro; Psicologia da composição; Fábula de Anfion e Antiode; O cão sem plumas; O rio; Morte e vida severina; Uma faca só lâmina; Quaderna; A educação pela pedra; Auto do frade; Agrestes; Crime de la Calle relator
- Jorge Andrade (1922-1984) - A moratória; Vereda da salvação; A escada; Os ossos do barão; Senhora da boca do lixo; Rasto atrás; Milagre na cela (teatro)
- Lêdo Ivo - (1924) - O caminho sem aventura; A morte do Brasil; Ninho de cobra; As alianças; O sobrinho do general; A noite misteriosa (poesia); Use a passagem subterrânea (conto)
- Mauro Mota - (1912-1984) - Canto ao meio; Elegias (poesia)
- Nelson Rodrigues - (1912-1980) - Vestido de noiva; Perdoa-me por me traíres; Álbum de família; Os sete gatinhos; Viúva porém honesta; Bonitinha mas ordinária; A falecida; Boca de ouro; Beijo no asfalto; Toda nudez será castigada; A serpente (teatro); O casamento (romance)
- Péricles Eugênio da Silva Ramos - (1919) - Sol sem tempo; Lamentação floral (poesia)
- Adélia Prado (1936) - Bagagem; O coração disparado; Terra de Santa Cruz (poesia); Cacos para um vitral; Os componentes da banda (prosa)
- Hilda Hilst (1930) - Balada de Alzira; Ode fragmentária; Sete cantos do poeta para o anjo; Cantares de pedra e predileção (poesia)
- Dalton Trevisan - (1925) - O vampiro de Curitiba; Desastres do amor; Guerra conjugal; A trombeta do anjo vingador; Lincha tarado; Cemitério de elefantes (contos)
- Rubem Fonseca (1925) - A coleira do cão; Lúcia McCartney; Feliz ano novo; O caso Morel; O cobrador; A grande arte; Os prisioneiros; Bufo e Spallanzani (prosa)
- Caio Fernando de Abreu - (1948) - Morangos mofados; Triângulo das águas (prosa)
- Clarice Lispector (1925-1977) - Perto do coração Selvagem; O lustre; A maçã no escuro; Laços de família; A legião estrangeira; A paixão segundo G. H.; Água viva; A via crucis do corpo; A hora da estrela; Um sopro de vida
- Ferreira Gullar (1930) - A luta corporal; João Boa-Morte; Dentro da noite veloz; Cabra marcado para morrer; Poema sujo (poesia)
- Geir Campos (1924) - Rosa dos rumos; Canto claro; Operário do canto (poesia)
- Guimarães Rosa - (1908-1967) - Sagarana; Corpo de Baile; Grande Sertão: veredas; Primeiras estórias; Tutaméia; Terceiras estórias; Estas estórias
- João Cabral de Melo Neto (1920) - Pedra do sono; O engenheiro; Psicologia da composição; Fábula de Anfion e Antiode; O cão sem plumas; O rio; Morte e vida severina; Uma faca só lâmina; Quaderna; A educação pela pedra; Auto do frade; Agrestes; Crime de la Calle relator
- Jorge Andrade (1922-1984) - A moratória; Vereda da salvação; A escada; Os ossos do barão; Senhora da boca do lixo; Rasto atrás; Milagre na cela (teatro)
- Lêdo Ivo - (1924) - O caminho sem aventura; A morte do Brasil; Ninho de cobra; As alianças; O sobrinho do general; A noite misteriosa (poesia); Use a passagem subterrânea (conto)
- Mauro Mota - (1912-1984) - Canto ao meio; Elegias (poesia)
- Nelson Rodrigues - (1912-1980) - Vestido de noiva; Perdoa-me por me traíres; Álbum de família; Os sete gatinhos; Viúva porém honesta; Bonitinha mas ordinária; A falecida; Boca de ouro; Beijo no asfalto; Toda nudez será castigada; A serpente (teatro); O casamento (romance)
- Péricles Eugênio da Silva Ramos - (1919) - Sol sem tempo; Lamentação floral (poesia)
- Adélia Prado (1936) - Bagagem; O coração disparado; Terra de Santa Cruz (poesia); Cacos para um vitral; Os componentes da banda (prosa)
- Hilda Hilst (1930) - Balada de Alzira; Ode fragmentária; Sete cantos do poeta para o anjo; Cantares de pedra e predileção (poesia)
- Dalton Trevisan - (1925) - O vampiro de Curitiba; Desastres do amor; Guerra conjugal; A trombeta do anjo vingador; Lincha tarado; Cemitério de elefantes (contos)
- Rubem Fonseca (1925) - A coleira do cão; Lúcia McCartney; Feliz ano novo; O caso Morel; O cobrador; A grande arte; Os prisioneiros; Bufo e Spallanzani (prosa)
- Caio Fernando de Abreu - (1948) - Morangos mofados; Triângulo das águas (prosa)
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